Emergência respiratória exige medidas insanas em São Paulo (e no país)

Governantes são reflexos da sociedade

Quando morei em Pequim, há mais de dez anos, a ditadura chinesa não hesitava em mandar paralisar todas as fábricas por três dias quando o ar ficava ruim demais. Durante os meses do verão, ar condicionado só era autorizado a partir dos 27 ºC. O presidente e o primeiro-ministro apareciam de manga curta em atividades oficiais e mandavam que todo o mandarinato comunista seguisse o exemplo.

Imagina o caretérrimo governo federal aparecendo de manga curta? Não dá pra imaginar. Até nossos progressistas são conservadores. Quem passar meia hora conversando com Rui Costa, o ex-governador da Bahia que é braço direito de Lula, verá que o desenvolvimento a qualquer custo não é pauta apenas de Ricardo Salles.

Nenhum governo consegue deixar de refletir o que é a sociedade. No meu canal de YouTube chamado São Paulo nas Alturas, onde faço reportagens sobre cidades e urbanismo, meus vídeos sobre a inexistência de parques na periferia, de Heliópolis a Paraisópolis, são fracassos de audiência. Mas quando falo de tretas no Parque do Povo, Jardins ou Pinheiros, a audiência explode. Isso, entre gente “educada”.

Lembro vividamente de muitos empresários do circuito Jardim América-Morumbi defendendo em abril de 2020, no auge da pandemia de covid, que o confinamento fosse abrandado porque “a economia precisava girar”. Enquanto, é claro, levavam suas famílias e se refugiavam em condomínios fechados fora de São Paulo ou até na Suíça.

Hoje, debatem com muito mais paixão o debate Trump-Kamala do que sobre qualquer plataforma de políticas públicas para São Paulo.

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