Para quem não lembra, Vini Jr foi alvo de ataques racistas nos campos e fora dele. Desde então, o jogador tem dado aulas na luta antirracista. Não se calou diante das violências que sofreu e, após a condenação de torcedores, se definiu como um “algoz de racista”.
Mesmo tendo de ir contra o pensamento comum de não falar sobre racismo, o jogador deu exemplo de como se combate o preconceito.
O caso de Vini Jr. é feito de eventos absurdos. Tempos atrás, o próprio presidente da liga espanhola acusou Vini Jr. de manchar a imagem do Real Madrid. Em outras palavras, o que ele estava dizendo é o seguinte: “olha, se você foi chamado de macaco pelo estádio inteiro, se penduraram um boneco enforcado com o número da sua camisa, fique quieto, sua reclamação pode atrapalhar o nosso campeonato”.
Este tipo de argumento é a evidência mais cristalina de que a manutenção do racismo é um projeto, fruto de uma ideologia e de uma herança colonialista muito mal resolvida.
A premiação do Bola de Ouro deu um recado bem claro: não toleram jogadores políticos que lutam por igualdade. É um recado de que o futebol não quer se envolver em questões sociais e prefere abraçar o racismo sem nenhum constrangimento.
Rodri, que levou o troféu de melhor do mundo, é um bom jogador, não há dúvidas. Mas diante do contexto, se eu estivesse em seu lugar, teria recusado o prêmio. Pois é nítido que a premiação é uma retaliação escancarada à postura de Vini contra o racismo.