a festa deveria ser dos vivos (por ainda ter tempo)

O jornalista Felipe Machado lança um livro neste final de semana intitulado “La Fiesta de los Vivos”. As imagens, belíssimas, são de pessoas festejando, no México, o Dia de los Muertos, o tradicional Finados da cultura mexicana. Todo mundo que viu o filme da Disney “A Vida é uma Festa”, sabe do que se trata. Altares são criados para que os nossos ancestrais nos visitem. E é festivo. Alegre.

Aqui no Brasil, o Dia de Finados tem um quê de cortejo fúnebre. É como se revisitássemos o triste dia da morte e não a vida de quem morreu. Curiosamente, costuma chover no dia. Eu me lembro de uma frase de minha avó dizendo que sempre que morre alguém bom chove. Foi exatamente o que aconteceu no dia em que meu pai faleceu: uma chuva que não acabava nunca.

Os sentimentos acerca da data celebrada neste sábado (2) são confusos para quem perdeu gente querida. O luto deixa as coisas cheias de névoa. Dá para ficar feliz depois de perder alguém muito importante? Minha vivência como órfã insiste em dizer que não. Lógico, a gente nunca mais vai ser a mesma, vai seguir andando com aquele buraco perene. Mas será que não é justamente isso que faz a pessoa querida morrer de novo todos os dias?

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