Na quarta-feira (14), o Real Madrid, na estreia de Mbappé, ganhou do Atalanta por 2 x 0, na decisão da Supercopa da Europa. O francês fez um gol e Valverde outro. Vinicius Junior e Bellingham foram os destaques da partida. Endrick, na reserva, não participou, apesar das muitas substituições feitas por Carlo Ancelotti no final do jogo. Endrick ainda não é o primeiro da fila no ataque.
Com Mbappé, o time mudou um pouco o desenho tático. Em vez de jogar com um trio no meio campo e Bellingham mais próximo da dupla de atacantes (Rodrygo e Vini), como na temporada anterior, a equipe atuou com dois no meio campo, além de Bellingham, que marcava, organizava e se juntava ao trio de ataque com Rodrygo mais pela direita, Mbappé mais pelo centro e Vini Junior mais pela esquerda. Os três trocavam de posição. Na metade do segundo tempo, voltou à formação anterior com a entrada de um meio-campista (Modric) no lugar do atacante Rodrygo.
Imagino que Ancelotti vai utilizar as duas formações táticas, variando de acordo com o momento e o adversário.
Bellingham é um dos poucos jogadores do mundo que possui muito talento e uma grande capacidade física de jogar de uma intermediária à outra. É, ao mesmo tempo, o camisa 8 e o camisa 10, como ainda gostam de dizer no Brasil.
As decisões de Ancelotti são ensinamentos para todos os treinadores, especialmente para Dorival Junior, que na seleção brasileira conta com Vinicius Junior e Rodrygo. Além disso, Paquetá ocupa a posição de Bellingham, embora com menos brilho e sem a mesma capacidade física para atuar de uma intermediária à outra. Na Copa América, Paquetá alternou nas posições de meia ofensivo, entre o meio campo e o ataque, e mais recuado, na linha dos dois volantes.
Neymar, mesmo que volte em ótima condição física, não tem também características para jogar de uma intermediária à outra. Deveria atuar mais perto do gol ou como uma atacante da esquerda para o centro, como jogou nos melhores momentos da sua carreira.
Na derrota do Palmeiras para o Botafogo, Raphael Veiga jogou mais recuado, como um camisa 8, um meio-campista. Ele também não possui características para atuar em um espaço maior. É um clássico meia ofensivo. No Flamengo, Arrascaeta é o camisa 10 e De La Cruz o camisa 8. Na seleção uruguaia não há esta divisão. De La Cruz é o titular e Arrascaeta o reserva, pois De La Cruz tem mais características para jogar de uma intermediária à outra.
Perguntaram-me muito qual era a minha posição, já que no Cruzeiro era diferente. Eu era um meia atacante e jogava com a camisa 8. Dirceu Lopes atuava mais recuado e era o camisa 10. Na Copa de 1970, joguei de centroavante, camisa 9, à frente de Pelé e Jairzinho, como fazia Evaldo no Cruzeiro.
No futebol moderno, as grandes equipes são compactas e não existe mais divisão entre o meio-campista camisa 8 e o meia atacante, camisa 10. Os grandes meio-campistas, como Bellingham, jogam de uma intermediária à outra e fazem as duas funções.
Falta à seleção brasileira um craque no meio campo que reúna talento e capacidade para defender, construir e avançar. Falta porque já tivemos. Eles não existem mais porque não são formados há tempos nas categorias de base. Os que poderiam ser, são deslocados para atuarem no ataque, pelas pontas ou mais adiantados pelo centro.
Precisamos mudar o olhar, ter humildade e desejo de aprender, repensar o presente e o futuro. Para isso, é necessário conhecer o passado. O futebol e o mundo não começaram com a internet.
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