Associação operada por deputados tem verba milionária e contas opacas

Associação operada por deputados tem verba milionária e contas opacas

O deputado Lindbergh Farias disse que sua intenção com a emenda de R$ 4,7 milhões é financiar projetos de capacitação de tecnologia nas favelas do Rio de Janeiro. Ele diz que a associação foi indicada por Pansera, ex-ministro da Ciência e Tecnologia de Dilma Rousseff e, hoje, presidente da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).

“Estamos fazendo vários projetos nas favelas no Rio de Janeiro. Rocinha, Rio das Pedras. Foi para isso que a gente colocou ali. O Celso Pansera, que é presidente da Finep, conhece eles, e disse que eles sabem executar”, afirmou o deputado ao UOL.

“Hoje, mais do que Legislativo, parece que somos Executivo, com o valor dessas emendas. Também acho um absurdo o valor ser tão grande, então precisamos escolher bem onde aplicar. E a juventude quer trabalhar com tecnologia, games, jogos, por isso busquei esse projeto. Vai ter que ter bolsa para as pessoas que vão fazer.”

Alencar Santana e Gleisi Hoffmann também citaram projetos que pretendem financiar com suas emendas. A Softex diz que apresenta seu portfólio aos congressistas que queiram dedicar recursos à instituição, mas nega que as emendas sejam para algo específico.

“A gestão dos fundos da emenda não é incumbência do deputado, mas sim da Softex, que determina a alocação com base no plano de ação apresentado ao ministério.”

Compliance

Quando Marcos Pereira assumiu como presidente do conselho de administração, em 2019, a associação enfrentou um problema, segundo ex-funcionários, já que ele era investigado pela Operação Lava Jato (o inquérito era derivado da delação da Odebrecht, anulada em 2023, e já foi arquivado).

Um acordo com a Samsung emperrou, porque a multinacional sul-coreana não aceitava financiar um projeto com o deputado à frente do conselho. Para contornar o problema, a Softex instituiu um programa de compliance, que ainda não tinha estruturado desde sua criação, em 1996.

Marcos Pereira diz que não tem conhecimento da exigência da Samsung. A Softex afirmou que “o programa de compliance da Softex foi estabelecido e deliberado pelo seu Conselho de Administração no primeiro semestre de 2019, atendendo às exigências de clientes privados”.

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