Empreendedorismo canábico
Há outros disruptores no Brasil. Edmar Martinez é produtor rural no interior de São Paulo e, entre hortaliças e vegetais, também se dedica ao plantio da cannabis. Sem nunca ter pensado na possibilidade, foi consultado sobre plantar legalmente para uma associação permitida a produzir óleo de canabidiol.
Ele cultiva meia tonelada de flor a cada quatro meses em 4.000 metros quadrados, cuja área é certificada pela Ecocert, reconhecida certificadora internacional de produtos orgânicos. “O Brasil poderia estar estampando a primeira Cannabis com selo orgânico do mundo! Mas, faltam os critérios do Mapa para o registro das cultivares”, diz Martinez.
Também a empresa Buds Inc., junto à UFV e a Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), inova ao desenvolver métodos de aproveitamento de resíduo, a exemplo de um biochar de cannabis e o potencial das fibras de cânhamo em alternativa ao pinus. Gustavo Baesso, engenheiro florestal da Buds Inc., conta que a empresa se encaminha para ser o primeiro viveiro comercial de mudas de cannabis do Brasil.
As inovações partem majoritariamente de consumidores e iniciativa privada. “É como o carro na frente dos bois. Estamos na frente do governo, na frente da Embrapa. Paciente, usuário, cultivador estão escolhendo nível de terpeno, um trabalho sofisticado de cultivo e extração, muito à frente da discussão se vamos plantar ou não”, afirma Luiz Borsato, fundador da Netseeds, companhia representante de marcas especializadas em genética de cannabis dos Estados Unidos, Espanha e Holanda.
O empresário, que já atua com o ramo do agronegócio há mais de 20 anos, fala da gravidade que é a falta de rigor no processo da chegada das sementes de Cannabis no Brasil. “Não existe via regulatória, auditável, ninguém checa a procedência das sementes infelizmente. Esta é uma vulnerabilidade que o sistema proibitivo impõe”, diz.