Na última segunda-feira (25), a bancada do agronegócio fez uma audiência na Câmara em defesa de agrotóxicos que matam abelhas e são 800 vezes mais tóxicos. A sessão foi convocada pela deputada federal Coronel Fernanda (PL-MT) e teve como tema os agrotóxicos à base do ingrediente ativo tiametoxam, do tipo neonicotinoides, feitos a partir da nicotina, que são altamente nocivos a insetos polinizadores.
As abelhas são responsáveis por quase 80% dos cultivos polinizados. No Brasil, as abelhas nativas sem ferrão ou abelhas indígenas, são as principais polinizadoras, responsáveis por 40% a 90% das espécies de plantas, ou seja, são essenciais para a vida no planeta.
Alguns desses agrotóxicos são banidos na União Europeia, por serem prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Quase 70% dos pesticidas utilizados hoje podem causar câncer e já mataram mais de meio bilhão de abelhas. Então, por que continuamos comendo e alimentando nossas famílias com comida envenenada, além de matar nossa biodiversidade necessária para vida e para a própria agricultura?
Além disso, as empresas de agrotóxicos deixaram de pagar mais de R$ 21 bilhões em impostos com renúncias fiscais até agosto deste ano, incluindo gigantescas empresas como Syngenta, Basf e Bayer, que seguem produzindo substâncias, inclusive prejudiciais à saúde humana.
A plataforma jornalística “O Joio e o Trigo” analisou as agendas públicas do Executivo entre outubro de 2022 e julho de 2024 para descobrir em quantas reuniões estiveram presentes empresas, associações e lobistas do agronegócio e da indústria química na Esplanada. O resultado foram 752 compromissos, ou seja, a cada 4 horas e 48 minutos, um membro do Executivo se reuniu com o setor privado. O levantamento foi feito pela ferramenta Agenda Transparente, desenvolvida pela Fiquem Sabendo.
Não surpreendentemente os agrotóxicos foram ignorados pela reforma tributária. As substâncias foram categorizadas como “insumos agrícolas”, também como uma tentativa de retirar a palavra “tóxico” para mascarar para a população as reais consequências dessas substâncias para nossa saúde e natureza. Com isso, receberão 60% de desconto em impostos. O governo ignorou as recomendações dos conselhos de saúde e de segurança alimentar e nutricional, que pediam pela retirada de benefícios fiscais e inclusão no Imposto Seletivo.
Esses pesticidas também vêm sendo usados como armas químicas e envenenando populações indígenas. Pesquisas realizadas pela Fiocruz mostram que em algumas comunidades indígenas, rodeadas por monoculturas, principalmente de soja e milho, foram encontrados na água de rios, córregos e até da chuva, compostos de alta toxicidade, como os herbicidas atrazina e ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D), também proibidos na Europa e permitidos no Brasil. Algumas das consequências nas comunidades são a diarreia constante nas crianças, dor de cabeça, febre, aborto, o enfraquecimento do solo e a falta de produção agrícola.
As empresas de agrotóxicos querem que acreditem que não é possível produzir sem os pesticidas, mas nossa sabedoria ancestral e nossas agroflorestas mostram o contrário. Comida sem veneno agora!
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