Querido Papai Noel, escrevo esta cartinha impressa e auditável para fazer alguns pedidos.
Primeiro, gostaria de sugerir que o senhor refletisse sobre alguns posicionamentos que estão desvirtuando as crianças. Os vanguardistas de Balneário Camboriú, que hoje iluminam os caminhos do Brasil, já deram a dica: fizeram um Papai Noel vestido de verde e amarelo. Mas a abolição do vermelho é pouco para desmistificar o arsenal de mensagens subliminares que propagandeiam o comunismo aos corações inocentes.
O visual barbudo, por exemplo, não condiz com a imagem cívica que almejamos. Fizemos a mesma recomendação a Jesus, mas por enquanto não tivemos resposta. O fato é que barba hoje é ligada ao Lula, ao Boulos e ao Marx. Sinto informar, mas é isso que a juventude de hoje pensa quando depara com um adulto barbado.
Esse trenó puxado por renas me parece um aceno à viadagem, com o perdão da palavra. Se julgar pertinente, podemos emprestar um de nossos tanques para o senhor distribuir presentes cercado por uma escolta de kids pretos.
Não se esqueça da importância de investir num visual mais jovem. Aqui entre os generais, a tintura Asa da Graúna faz muito sucesso. Deixa o cabelo mais preto que pneu de blindado. Também temos um estoque de Viagra, se achar necessário. Em anexo, uma ajuda de custo que o pessoal do agro mandou para o senhor investir na imagem.
Outro ponto importante é o critério adotado para a distribuição de presentes. Hoje a coisa é muito inclusiva. Virou bagunça. Esse negócio de premiar “quem se comportou direito” é vago. Envio aqui para o senhor uma listagem dos verdadeiros patriotas que tomaram chuva em acampamentos e merecem, no mínimo, um autorama.
Caro Papai Noel, termino esta carta com dois apelos. Recentemente, comprei uma série de celulares e gostaria de saber se o senhor tem interesse numa recompra.
O outro pedido também é importante: se eu não puder entregar o presente para meu amigo secreto, saiba que ele tem a língua presa, termina as frases falando “tá ok” e gosta de cloroquina. Se ele não estiver em liberdade até o Natal, procure pelo Fabrício Queiroz.
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