Na sequência, Lula afirmou que o futuro da América Latina passa por um Estado “sustentável, eficiente, inclusivo e que enfrenta todas as formas de discriminação” e “que não se intimida ante indivíduos, corporações ou plataformas digitais que se julgam acima da lei”.
Mais direto isso só se ele falasse de bilionários que querem ir a Marte ao invés de cuidar da Terra. Mas para tirar qualquer sombra de dúvidas, disse que “a liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras” e que soberania inclui “o direito de legislar, julgar disputas e fazer cumprir as regras dentro de seu território, incluindo o ambiente digital”.
Musk deixou de seguir a lei brasileira e ignorou decisões judiciais que ordenavam a remoção de conteúdos do X/Twitter sob a hipócrita justificativa de proteger a liberdade. A plataforma foi suspensa pelo STF e ele, agora, ensaia cumprir as determinações e voltar com o rabo entre as pernas.
Por fim, Lula deu uma cutucada no mercado: “O Estado que estamos construindo é sensível às necessidades dos mais vulneráveis sem abdicar de fundamentos macroeconômicos sadios”, disse, endereçando o recado à Faria Lima, que reclama dele diuturnamente.
“A falsa oposição entre Estado e mercado foi abandonada pelas nações desenvolvidas, que voltaram a praticar políticas industriais ativas e forte regulação da economia doméstica”, disse. Ou seja, o Estado vai sim se meter na economia quer o mercado goste ou não.
Para quem acha estranho recados que tratam de questões internas, vale lembrar que, com exceção dos chefes de Estado envolvidos em conflitos e do presidente-anfitrião, os Estados Unidos, os discursos na Assembleia Geral são largamente voltados ao público próprio de cada país. No ano passado, o interesse em Lula era maior porque ele representava o retorno do Brasil à normalidade democrática.