Roger Machado oficializou a sua saída do Juventude para assumir o Internacional. O treinador, que conduzia o time de Caxias do Sul em uma campanha bastante segura, com o vice-campeonato gaúcho, a classificação às oitavas de final da Copa do Brasil e estando atualmente distante da zona de rebaixamento do Brasileirão, “larga” o clube em uma situação semelhante à vivida por Thiago Carpini no início do ano, quando o treinador foi embora para assumir o São Paulo.
O executivo de futebol do time gaúcho, Júlio Rondinelli, em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br, admitiu o incômodo com a situação, mas deixou claro que isso faz parte do futebol.
“A maioria dos clubes troca treinador por falta de resultado. Nós estamos trocando por excesso de resultado. Não estamos pagando por erro. Estamos recebendo por acerto. Tanto a multa recebida no começo do ano como essa, vão ser revertidas para o futebol. Não gostaríamos que o treinador fosse embora, queríamos que ele continuasse seguindo o trabalho que estava sendo executado com muita capacidade. Porém, a proposta profissional que ele recebeu, ele entendeu que foi melhor, temos que acatar a decisão, seguir a vida e buscar alguém com capacidade de dar sequência a esse trabalho. Vamos continuar competindo e duelando contra equipes que têm orçamentos muito superiores ao Juventude. Fazemos uma campanha de sobrevivência na Série A, entendemos o nosso tamanho, não há nada que o clube assuma, que não seja cumprido. E isso me dá muita força no mercado.”
Júlio opinou também pelo fato de treinadores reclamarem bastante da instabilidade e de muitas demissões, mas que, quando recebem propostas melhores, também optam por mudar de clube, largando trabalhos inacabados no meio do caminho.
“Não é simples, mas a gente tem que ter uma visão fria e profissional. Ele assumiu o compromisso de comandar o Juventude, de fazer uma campanha segura no estadual, de avançar na Copa do Brasil. Ele atingiu os objetivos, porém, foi interrompido diante de uma proposta profissional que o Juventude não tem condições de chegar nem próximo dos valores que o Inter se propôs a pagar. Fica uma boa amizade e relação profissional, mas eu penso que o clube está acima de todos nós. E nós como líderes de departamento, eu e mais três ou quatro membros do comitê, temos que ter mais essa decisão assertiva para evitar que criem-se problemas desnecessários. Página virada, que venha o próximo treinador. Daremos todo o apoio, assim como demos para os dois anteriores. E que a gente consiga fazer uma campanha de segurança, de 45 pontos no mínimo para permanecer na Série A”, disse, já “dando o caminho” para Jair Ventura, que foi anunciado pelo clube como substituto.
Até o momento, o Juventude, em 15 jogos, soma 20 pontos, estando atualmente cinco pontos acima do Corinthians, primeiro time dentro da zona de rebaixamento. Um trabalho sólido, fruto de um trabalho descrito como “pés no chão”.
“Uma equipe que vai muito mal, chama atenção, mas uma equipe que vai muito bem, que consiga ser competitiva na Série A, também chama atenção. Em 15 jogos, só deixamos de fazer gol em um jogo, equipe que está duelando contra todos os adversários, um elenco com muita capacidade, jogadores extremamente competitivos, com jogadores que estão colaborando com o Juventude e o Juventude colaborando com as carreiras deles. Mudanças sempre podem acontecer”, encerrou.