A Festa Literária Internacional de Paraty tem entrado em contato com casas parceiras do festival, que ajudam a transformar o centro histórico da cidade em um caldeirão de cultura, para pedir que não vendam livros nos seus espaços.
A justificativa é que o comércio deve se concentrar na livraria oficial da Flip, tradicionalmente tocada pela rede Travessa, e não ser pulverizado em diversos endereços.
A proibição da venda autônoma de exemplares durante a festa, cuja 22ª edição acontece de 9 a 13 de outubro, tem sido incluída no contrato que oficializa as parcerias, negociado agora. A Flip sugere o canal da Travessa para operar todas as vendas.
As casas parceiras são organizadas por dezenas de editoras, livrarias e iniciativas independentes, muitas delas atuando conglomeradas, montando uma programação paralela de debates, lançamentos e manifestações culturais.
“A Flip é uma festa, não uma feira comercial”, diz a nota enviada pela organização à coluna. “É com base no acordo com prefeitura e comunidade que trabalhamos para não criar situações predatórias ao ecossistema de Paraty ou da Flip. Mas estamos abertos a conversar com todos os parceiros para encontrar soluções às demandas recentes.”
A Associação Casa Azul, responsável pela Flip, não confirma que pretende exigir que as vendas se concentrem todas na livraria oficial, mas reforça que a festa literária “emergiu de um delicado ecossistema que é o território de Paraty”, num acordo construído há mais de duas décadas com a prefeitura da cidade.
O programa de casas parceiras, diz o comunicado da Flip, foi criado “no âmbito deste acordo para diversificar a apresentação ao público de projetos editoriais e ações culturais, sempre respeitando este delicado tecido ecossocial”.
“Atividades comerciais, por outro lado, estão submetidas às posturas municipais e devem estar alinhadas ao acordo mencionado”, finaliza a nota.
Na prática, a impossibilidade de fazer suas próprias vendas deve prejudicar ou até mesmo inviabilizar a participação de algumas das casas, que contam com a renda obtida com os livros para compensar gastos de aluguel, viagem e infraestrutura do espaço.
Há parceiros da Flip que já tinham uma casa assegurada e agora repensam sua presença em Paraty, surpreendidos com a pressão na hora de fechar o contrato —que não inclui remuneração extra para as casas, que enxergam na restrição um movimento voltado a constranger as programações paralelas à principal.
A Folha tem, desde 2011, a tradição de organizar a Casa Folha durante a Flip, o que negocia voltar a fazer na edição de outubro, e não foi notificada pelo evento sobre proibição de vendas.
DA PELE PRETA A editora Zahar assinou contrato com a jornalista Victoria Damasceno para publicar um livro sobre a população parda do Brasil —o maior grupo étnico-racial do país, que segundo ela é também uma fatia “absolutamente multifacetada” da população.
SORRISO BRANCO Damasceno, que é editora de Saúde e Equilíbrio e coordena a iniciativa Todas na Folha, vai explorar a heterogeneidade dos grupos que se identificam como pardos, que vão de negros de pele clara a indígenas fora de aldeias. O livro deve ter elementos históricos e relatos pessoais, com previsão de sair em 2026.
FEIRA LIVRE Uma iniciativa do Sesc Avenida Paulista, com curadoria da editora Lote 42, quer valorizar o trabalho das livrarias reunindo oito lojas especializadas de São Paulo para a nova Feira Livro de
Domingo. As livrarias Aigo, Banca Tatuí, Barrilete, LiteraRUA, Eiffel, Lovely House, Mercadinho Simples e Miúda ocuparão o Bulevar do Rádio, na avenida Paulista, das 10h30 às 17h do dia 25 de agosto.
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