Um exemplo são os recursos para realização de exames que envolvem contraste e exames cardíacos. O custo era de 1 milhão de pesos (cerca de R$ 4.500) mensais em 2023 e passou a 13 milhões de pesos (R$ 57 mil) por mês este ano. “É difícil pagar esses gastos sem aumento de orçamento”, disse Melo, mostrando preocupação com os fornecedores que, por não receberem do hospital, podem se recusar a participar de licitações futuras.
O diretor do HC também contou que a pesquisa, um “braço” importante do hospital, está estagnada devido à falta de investimentos. Melo disse que, se a situação não melhorar, o hospital irá diminuir ainda mais as cirurgias e os atendimentos para que a unidade não precise fechar as portas. “Vamos cada vez precisar reduzir mais a atenção para continuar funcionando”.
A categoria de profissionais de saúde do HC está pedindo que os salários tenham aumento de pelo menos 50%, já que a inflação acumulada em 2024 é de 87%, além do aumento de orçamento para a compra de insumos e remédios, cuja inflação passa de 1.000%. Os salários já haviam recebido um ajuste em 2024, mas, com a inflação acumulada de quase 90%, os valores ficaram defasados.
Atualmente, o valor pago pelo HC a um médico em um plantão é um terço do que paga um hospital particular, o que gera evasão de profissionais e colapso no atendimento à população, constata Melo.
“Não é sobre governos, são prioridades. O hospital reclama há anos. Os números não mentem. Antes, mesmo com a situação econômica delicada, havia um ajuste de salários compatível com a inflação. No ano passado, a UBA figurou rankings internacionais entre as melhores universidades do mundo e esse mérito está em risco”, afirma o diretor.
Atualmente, o Hospital de Clinicas atende cerca de 500 mil pessoas por ano e conta com 39 residências, ou seja, especialidades médicas, além de 15 mil cirurgias anuais, atendendo a população de Buenos Aires mas também de outras partes da Argentina, sendo considerado hospital de referência.