“MaXXXine seria sua consagração e o trabalho que faria, de fato, o mundo todo conhecer seu nome. No meio do processo, contudo, West perdeu a mão. Com orçamento mais polpudo e uma coleção de astros no elenco, ele criou uma alegoria perfeita para a Hollywood permissiva e perigosa dos anos 1980, dos letreiros em neon à trilha synthpop. Faltou, contudo, a argamassa para sustentar a estrutura.
Depois dos eventos de “X”, em que seus amigos rodando uma fita pornô foram mortos por um casal de idosos homicidas, Maxine se estabeleceu em Los Angeles mantendo seu passado em segredo. Justamente quando ela consegue dar o salto para um “filme de verdade”, chega em suas mãos uma fita VHS com evidências de sua mão na morte dos velhinhos sádicos.
Ao mesmo tempo em que dribla o chantagista, que se faz presente nas mãos do detetive sórdido interpretado por Kevin Bacon, Maxine vê pessoas próximas assassinadas por um serial killer que há meses assombra a cidade. Sem confiar nos policiais que investigam o caso (Michelle Monaghan e Bobby Cannavale), e emparedada pela diretora de seu filme (Elizabeth Debick), a jovem não tem escolha a não ser resolver suas pendências com o passado.
Não existe nada intrinsicamente errado com “MaXXXine”. Ti West costura uma trama decente e tem bons instintos para dosar o suspense e a podreira. Ainda assim, o filme é surpreendentemente prosaico. Nada em sua construção cinematográfica é marcante. Não há uma tomada de destaque, não há nada que salte aos olhos. Sem falar no terceiro ato desastroso, quando a trama do serial killer é resolvida de forma canhestra.