Paris entra no climão olímpico – 22/07/2024 – Sandro Macedo

Este escriba, ainda humilde, encontrou uma amiga brasileira que trabalha em Paris com uma equipe formada por jovens franceses, todos, segundo ela, reclamando do fuzuê olímpico na cidade. Foi quando ela quebrou a espiral da bufada (franceses bufam) e disse, animada, que conseguiu ingressos para a cerimônia de abertura.

Aos poucos, seus coleguinhas parisienses começaram a confessar: eles também tinham um ou outro ingresso e aguardavam o início da competição.

Críticas e críticos antes dos Jogos fazem quase parte da preparação olímpica. Foi assim, em diferentes frentes, em Tóquio, Rio, Londres, Pequim e, voltando para trás, provavelmente na Grécia antiga.

Em Paris existe a crítica da limpeza social (mal resolvida) e do excesso de gastos (pouco explicada). A gritaria em torno da poluição do rio Sena parou desde que a ministra do Esporte e a prefeita tomaram banho por lá —um legado que a Rio-2016 falhou em conquistar, quando prometeu a limpeza da baía de Guanabara.

Nesta semana começou a valer o aumento do transporte público, que quase dobrou. Apesar de as autoridades afirmarem que o valor deveria atingir apenas os turistas, já vi uns três franceses reclamando (bufando com tons ameaçadores) na hora de pagar a passagem —nem todos têm o tal passe mensal Navigo, que não sofreu com o aumento.

Nos metrôs, em todas as estações há avisos —direcionados aos moradores locais— sobre planejamento para sair de casa durante os Jogos, sugerindo trabalho em home office, uso de bicicletas, sustentabilidade etc. e tal.

Os anti-perrengue —e são muitos— já deixaram a capital, alugaram seu cafofo por valores “exorbitant” e foram curtir o forte verão europeu em outras praias.

Quem ficou —e são muitos— entrou no climão olímpico. No domingo (21), em razão dos preparativos dos Jogos, a competição esportiva mais tradicional da França —ao lado de Roland Garros— foi desalojada de Paris. A volta ciclística Tour de France trocou a chegada na avenida Champs-Elysées por um final na riviera francesa, em Nice, e ninguém reclamou.

No mesmo dia, na mesma Champs-Elysées, a lojinha oficial da Paris-2024 (lojona, na verdade) estava lotada, e não só de turistas, com todos em busca de lembrancinhas.

Sim, alguns pontos da cidade entraram num perímetro de segurança e visitar a torre Eiffel ou o Museu do Louvre ficou mais complicado —é necessário um QR Code para entrar na tal zona vermelha. Homens fardados, inclusive do Exército, se tornaram parte integrante da vista.

Mas ainda sobrou Quartier Latin, Jardim de Luxemburgo, Marais, Canal de St. Martin, Petit Palais e por aí vai.

Todo o frenesi agora está concentrado na cerimônia de abertura, com um misto de excitação e tensão. Organizar um desfile com as delegações em pleno rio Sena será arrebatador, mas o calafrio em relação à segurança passa pela espinha de todo mundo que toca no assunto. Resta aguardar o início dos Jogos mais deslumbrantes da era moderna. Sorte da minha amiga, com ingresso para a abertura. E este escriba promete que evitará até o fim da Olimpíada usar a expressão “Paris é uma festa”, que nos próximos 20 dias vai ultrapassar o “puro suco” e o “bora lá”.

Round 38, o asterisco

Na atualização da carnificina dos professores do Campeonato Brasileiro tivemos uma quase baixa: Roger Machado deixou o Juventude após a 17ª rodada em um movimento de autodegola. No entanto, ligeiro, ele já começou a treinar o Inter no 18º round. Assim, o professor Roger continua apto a sobreviver durante as 38 rodadas, mas ganhou um asterisco. Tome: Roger Machado*.


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