Selic em alta por mais de 3 anos: você está pronto para enfrentar um cenário que não se via há 16 anos? – 04/10/2024 – De Grão em Grão

Nos últimos 16 anos, os investidores se acostumaram a ver a Selic subir rapidamente para depois cair, criando uma sensação de que períodos de altas taxas de juros seriam sempre curtos. Esse cenário alimentou uma tendência de buscar ativos de maior risco, apostando na queda rápida dos juros para maximizar retornos. Entretanto, pela primeira vez desde 2008, a taxa Selic está acima de dois dígitos há mais de três anos consecutivos, e a expectativa é que ela permaneça assim até 2025, frustrando as previsões de queda rápida.

Nesses últimos 16 anos, a taxa básica da economia nunca se manteve acima de 11% por mais de dois anos. Em 2025, vamos para o quarto ano consecutivo de Selic acima desse patamar. Como usualmente os indivíduos começam a se envolver com investimentos apenas após os 20 anos, isso quer dizer que quase todos os investidores com menos de 35 anos, nunca viram a taxa Selic tão elevada por tanto tempo.

Esse cenário coloca os investidores, principalmente os mais jovens, em um dilema: será que o mercado está superestimando o impacto das taxas de juros elevadas? Seria esse um momento de oportunidade? Embora esse questionamento seja comum em momentos de incerteza, a realidade sugere que a Selic permanecerá alta por mais tempo.

As projeções atuais indicam que a taxa deve subir 0,5% nas próximas três reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), com mais 0,25% nas duas reuniões seguintes, levando a Selic a 12,75% ao ano até meados de 2025. Além disso, as curvas de juros negociadas no mercado apontam que a Selic deve se manter nesse patamar até o final de 2025.

Com uma Selic média em 2025 acima de 12% ao ano, teremos um juros similar ao de 2022, maior que o apresentado no ano de 2024, porém abaixo dos 13% observados em 2023. Assim, os investidores precisam recalibrar suas estratégias.

Em períodos de Selic elevada, ativos de risco tendem a apresentar desempenho pior, já que os custos de financiamento aumentam e a aversão ao risco se intensifica. Assim, é necessário investir com cautela, principalmente em ativos que ofereçam um equilíbrio mais favorável entre risco e retorno.

A alta dos juros, por outro lado, apresenta uma janela de oportunidade para quem busca segurança e retornos consistentes. Com taxas de juros tão elevadas, os ativos de menor risco, ou seja, a renda fixa referenciada ao CDI se apresenta tentadora.

Adicionalmente, nesse contexto, é preciso estar atento a oportunidades na renda fixa prefixada. Travar taxas mais altas por mais tempo, pode ser uma estratégia inteligente para maximizar o retorno no cenário atual. Lembre-se, o Ibovespa rendeu o equivalente a menos de 10% ano ano nas últimas duas décadas. Portanto, se você conseguir travar taxas de juros de 13% ou 14% ao ano na renda fixa por longo prazo, aproveite.

Assim, ao invés de buscar ganhos imediatos em investimentos mais arriscados, o momento pede um foco maior em proteger o portfólio e aproveitar a oportunidade que os juros altos proporcionam.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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