São Paulo
O Dia dos Pais não é um dia muito feliz para mim, que não tenho mais meu pai comigo. É ainda mais complicado porque, assim como milhões de outros brasileiros, temos casos de pais ausentes na nossa família.
Talvez por isso mesmo tenha sido tão triste ler a publicação de Fiuk falando da dor que a ausência de seu pai lhe causa. Seu pai, o cantor e ator Fábio Jr. O texto de Fiuk, como muitos leram, foi esse:
“Feliz Dia dos Pais para você que mesmo ausente deixou uma marca importante na minha vida. Pai, eu nem sei explicar o tamanho da dor que é te ter tão longe. É triste sentir que alguém que deveria dar amor, suporte e carinho não quer nem saber de você. A sua ausência me faz falta todos os dias”.
Confesso que me senti muito mal quando li isso, como filha, como mãe, como mulher, como fã. Como ser humano.
Primeiro, porque, de uma forma geral, é sempre doloroso quando um pai que se distancia de um filho. A presença de adultos amorosos, responsáveis, é essencial para desenvolver um sentimento de segurança e importância para uma criança.
Nesse caso específico de Fiuk e seu pai, não há como saber as motivações ou as complexidades que causaram esse distanciamento. A questão pode envolver outros irmãos, casamentos, parceiros ou dificuldades entre as personalidades dos dois. Relações humanas são complicadas mesmo. Não existe família que não tenha essas questões. Mas não deixa de ser triste ver um filho que se sente abandonado pelo pai. E que confessa isso no Dia dos Pais.
Depois, veio a informação de que o texto usado por Fiuk no post do Instagram teria sido copiado de um site da internet. Seguidores perceberam, e Fiuk admitiu. Pelo que entendi, ele escreveu vários textos, achou tudo pesado, apagou e acabou dando um Google em “mensagens de filhos abandonados pelo pai”. Achou um site, deu um recorta e cola e postou.
A postagem viralizou, incontáveis meios de comunicação deram notas sobre o acontecido, fãs publicaram em redes sociais, famosos comentaram, muitos com mensagens de apoio. A atriz e cantora Cleo também respondeu ao irmão. Cleo, aliás, cantou com Fábio Jr. no programa de Serginho Groisman (Globo) e arrancou lágrimas de todos os presentes. E de quem assistiu. Eu mesma chorei litros.
Não sei se Fiuk assistiu ao Altas Horas, mas sei que essa história ainda vai continuar, porque ele disse que está tomando coragem para falar mais. Acredito que ele fale mesmo.
De uma certa forma, pela ótica do público, é sempre interessante ver que seus ídolos são pessoas como todas as outras, com problemas que todos têm. Mas estamos falando de pessoas famosas, privilegiadas, que têm recursos e acesso a tudo. Mesmo que não sejam bilionários, eles podem pagar psicólogos e psiquiatras para tratar suas questões psicológicas e emocionais. Talvez até o façam, não sei. Mas tudo isso poderia ficar em um ambiente de terapia, onde as coisas são tratadas com responsabilidade e delicadeza. Afinal, estamos falando de emoções, de sentimentos antigos, de cicatrizes profundas.
Jogar questões tão íntimas e estruturais de forma aberta, numa rede social, usando um texto da internet, parece muito mais um grito de desespero do que uma solução. Não acredito que isso vá melhorar a relação entre eles.
Num primeiro momento, talvez até funcione como desabafo, angarie apoio e traga algum alívio. Mas será que deixar todo mundo dar palpite é realmente o melhor caminho? Virar manchete, fofoca, tema de podcast, pauta de TV e até coluna (como essa) é o melhor remédio para essa dor?
Eu sei que trazer à tona o assunto do abandono paterno é importante, que infelizmente, é tão comum. Mas focar no caso específico da relação Fiuk -Fábio Jr vai ajudar os dois? Espero que sim. Quem sabe caminhos tortos possam levar a um reencontro, uma reaproximação entre os dois. Seria bom ver os dois felizes e se reconciliando. Seria uma esperança para todos os que já passaram ou passam por isso.
Enquanto um milagre não acontece, deixo aqui, a todos os que estão se sentindo abandonados, sozinhos, distantes, um abraço carinhoso.