Sua atitude provocadora, fazendo dancinhas quando faz um gol irrita os torcedores adversários, que respondem com mais xingamentos racistas. As ofensas racistas incomodaram menos os jornalistas do que as comemorações do atacante, que respondeu que continuará dançando em campo, no sambódromo e onde mais quiser.
Em resumo, o argumento é que as atitudes desqualificaram o jogador para receber o prêmio. Ou seja, num prêmio sobre futebol não foi o futebol quem falou mais alto. Vini Jr, não teve um comportamento exemplar. Se isso for verdade, como explicar a homenagem póstuma a Maradona, gigante da bola, que ganhou manchetes do mundo inteiro como viciado em drogas?
Os argumentos são diversos, mas só um explica a não escolha de Vini. Racismo.
Não apenas isso, mas o fato dele ter se tornado um porta-voz importante da luta antirracista. Mas, convenhamos. Há quanto tempo um repórter não faz uma pergunta sobre futebol ao Vini Jr.? Quem assistir às entrevistas do craque nos últimos tempos sem saber de quem é, vai ter a certeza de que se trata de um ativista que só fala disso. Me lembra quando perguntaram a um jogador porque dão sempre as mesmas respostas. Ele respondeu: É porque as perguntas são sempre as mesmas.
Não é chororô. Vini Jr. tá cansado de falar sobre racismo. Ele não é um Malcolm X, nem um pantera negra. Só queria fazer o que mais ama e que faz muito bem, que é jogar futebol. Mas é obrigado a ser ativista. Porque a cada jogo é xingado de macaco. Porque no caminho pra casa, vê um boneco preto pendurado numa ponte. Porque jogam banana no campo. E depois reclamam que ele só fala disso.
Aqui no Brasil a gente tapa o sol do racismo com a peneira da questão social. Dizem que o preconceito é contra o pobre e como os pretos são pobres, as coisas acabam se confundindo. No caso de Vini, na Espanha, não tem essa confusão. Ele é rico, famoso, um dos maiores jogadores em atividade. Aí, o problema se torna outro.